terça-feira, 19 de maio de 2009

Diógenes em confronto com Alexandre Magno
Muito significativas são as relações que Diógenes teve (ou que, em todo caso, a antiguidade lhe atribuiu) com Alexandre Magno. Especialmente interessantes são os confrontos com este, protagonista histórica da era helenista, e Diógenes que por muitos aspectos é sua antítese: trata-se de confrontos entre duas figuras, entre duas mensagens, que, justamente por ser antitéticas, são expressão de dois pólos espirituais da época. Citamos duas belas passagens, uma de Diógenes Laércio e uma de Plutarco, que estão entre as mais significativas. Certo dia Diógenes estava tomando sol no Craneu, quando chegou inesperadamente Alexandre e lhe disse: “Pede-me o que quiseres”. Diógenes lhe respondeu: “Não me faças sombra. Devolve meu sol”.
Diógenes Laércio, Vidas dos filósofos.

É característica típica da alma do filósofo amar a sabedoria e os homens sábios: justamente esta foi uma característica de Alexandre, mais que qualquer outro rei. Quais tenham sido suas relações com Aristóteles já foi dito. Além disso, é atestado por numerosos autores o que segue: honrou mais do que todos os seus amigos o músico Anaxarco; na primeira vez que se encontrou com Pirro de Élida, deu-lhe dez mil moedas de ouro; a Xenócrates, parente de Platão, mandou cinqüenta talentos; escolheu Onesícrito, discípulo de Diógenes, como comandante de sua armada.
Quando foi discutir com Diógenes nas proximidades de Corinto, espantou-se e ficou tão maravilhado pela vida e pela posição assumida por este homem, a ponto que, freqüentemente, lembrando-se dele, dizia: “Se não fosse Alexandre, eu queria ser Diógenes”. O que significa: “Se eu não tivesse feito filosofia por meio das obras, em teria me dedicado aos raciocínios”. Alexandre não disse: “Se eu não fosse rico ou Argeades”; com efeito, não colocou a fortuna acima da sabedoria e a púrpura real e a coroa acima do bornal e do manto desgastado, mas disse: “Se não fosse Alexandre, eu seria Diógenes”; o que significa: “Se eu não me tivesse proposto reunir entre si os bárbaros e os gregos, percorrendo todos os continentes para levá-los à civilização, e de alcançar os confins extremos da terra e do mar reunindo a Macedônia com o Oceano para lançar as sementes da Grécia e difundir entre todos os povos justiça e paz, não estaria em ócio no luxo, mas imitaria a simplicidade de Diógenes”.
Plutarco, Sobre a fortuna ou virtude de Alexandre.

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