terça-feira, 19 de maio de 2009

Exaltação do exercício e da fadiga
A vida do Cínico para Diógenes se baseava sobre o exercício e sobre a fadiga, considerados como instrumentos necessários para viver felizes, para saber dominar todos os prazeres e para alcançar a plena liberdade. Um tipo de vida como este levava o homem, por fora de todo vínculo social, a considerar-se cidadão do mundo inteiro, em uma dimensão cosmopolita.
Dizia que o exercício é duplo: espiritual e físico. Na prática constante do exercício físico formam-se pensamentos que tornam mais rápida a atuação da virtude. O exercício físico se integra e se realiza com o exercício espiritual. A boa condição física e a força são os elementos fundamentais para a saúde da alma e do corpo. Suportava provas para demonstrar que o exercício físico contribui para a conquista da virtude. Observava que tanto os humildes artesãos como os grandes artistas tinham adquirido notável habilidade pelo constante exercício da sua arte, e que os auletes (Tocadores de aulós, característico instrumento de lingüeta com dois canudos) e os atletas deviam sua proeminência a um assíduo e trabalhoso empenho. E se estes tivessem transferido seu empenho também para a alma, teria conseguido resultados úteis e concretos.
Sustentava por isso que nada se pode obter na vida sem exercício, ao contrário, que o exercício é o artífice de qualquer sucesso. Eliminados, portanto, os esforços inúteis, o homem que escolhe as fadigas requeridas pela natureza vive feliz; a ininteligência dos esforços necessários é a causa da infelicidade humana. O próprio desprezo pelo prazer para quem esteja a isso habituado é algo dulcíssimo. E assim como os que são avessos a viver nos prazeres, logo que passam para um teor de vida contrário, também aqueles que se exercitam de modo contrário, com maior desenvoltura desprezam os mesmos prazeres. Estes eram seus preceitos e a eles conformou sua vida. Falsificou realmente a moeda corrente, porque dava menor valor às prescrições das leis do que às da natureza. O modelo de sua vida, dizia, foi Héracles que nada antepôs à liberdade.
Interrogado sobre sua pátria, respondeu: “Cidadão do mundo”.
Diógenes Laércio, Vidas dos filósofos.

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